BRASIL - Um certo navegante
O oceano extraordinário gritou por Cabral e uma
jornada entremeada de assombro e fé se iniciou. A coragem nascia para ser consagrada para além das praias lusitanas. Portugal escondia mistérios e também certezas em sua vocação para o mar.
Quanto ao navegante, dos seus sonhos, o último se
inspirava no abismo das estrelas. E mesmo estas atormentadas pela escuridão insondável, mostravam caminhos preciosos. Mas quando nada disso o direcionou e a vida se fez maior, navegou no ato preciso da Língua Portuguesa.
As sereias cantavam em uníssono lamúrias e medos. Tempestades, lágrimas e mar se juntaram no
fulgor rarefeito de uma lua minguante, enquanto a Constelação do Cruzeiro estendia suas asas e
a solidão do sul. Dessa forma, algo já se revelava entre a glória e o sofrimento que marcaria a história de um povo.
Sobre as praias ocidentais, o horizonte antigo
do mundo tomava fôlego contra um gigante adormecido e um tanto esquecido do tempo e da história. No passado houve uma calmaria, dizem! E isso foi lamentável... e... providencial ao descobrimento. Noutra versão, aponta este momento como aquele em que a lei foi amarrada ao mastro de um navio pirata. Na verdade, ninguém sabe ao certo!
Hoje a brisa sopra indistinta sobre a fronte de milhões na nova terra. É fato que os ventos do espírito são avassaladores e de natureza dúbia, mas suportá-los nas faces é uma obrigação que urge para todos os filhos da terra.
Caravelas chegaram, contudo, parece que a dignidade prestou honra apenas aos mortos e ao ouro da madeira. Contudo, entre os escândalos e a desumanidade o hino procurou o futuro.
Quem
esteve a caminho desconhecia as regras de uma nobre aventura,
exigia-se para tal um fascínio que não era nem força nem candura, nem glória nem vício, era o domínio dos ânimos
obtusos e exaltação dos sonhos de altivos espíritos...
Ainda assim, por qualquer mar, sob qualquer vento, em qualquer luz e para qualquer terra somos nossos destinos.
Carlos França

